A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) caracteriza-se pelo acúmulo de gorduras no fígado e configura a afecção hepática crônica mais comum em países desenvolvidos devido à epidemia de obesidade e ao aumento do sedentarismo, assim como às suas consequências, como intolerância à glicose, diabetes e dislipidemia. A esteato-hepatite não alcoólica, ou nonalcoholic steatohepatitis (NASH), é a apresentação inflamatória da DHGNA e, quando presente, pode evoluir para fibrose, cirrose e hepatocarcinoma.
A esteatose hepática precisa ser caracterizada por imagem ou por estudo anatomopatológico de biópsia do fígado para que se estabeleça o diagnóstico de DHGNA. Além disso, não deve coexistir outra causa para esse acúmulo, como excesso de álcool, uso de medicação esteatogênica, doença hereditária (hemocromatose ou doença de Wilson) e hepatite viral (veja quadro na pág. 2). Dentre os exames não invasivos para esse diagnóstico, a ressonância magnética (RM) abdominal é considerada o padrão-ouro, com elevadas sensibilidade e especificidade, uma vez que permite não somente a análise qualitativa, mas também a determinação quantitativa da fração de gordura no parênquima hepático, possibilitando, ainda, estimar a gravidade da doença. As limitações do método abrangem apenas os quadros de sobrecarga de ferro ou situações em que o paciente apresenta contraindicações específicas.
Quando a RM tem pouca disponibilidade, a ultrassonografia (US) pode ser recomendada, por se tratar de uma metodologia útil especialmente na detecção da esteatose moderada ou intensa, além de fornecer informações adicionais do sistema hepatobiliar. Contudo, mostra-se limitada em indivíduos com índice de massa corporal (IMC) elevado e na identificação dos casos leves, além de ser um exame dependente do examinador.
Comparação entre os diferentes métodos para a detecção e o acompanhamento da evolução da esteatose hepática